Para a AMATRA 10, em que os cargos de Presidenta, Vice e Secretária são ocupados por Mulheres, a indicação da Ministra Rosa Weber significa mais do que a valorização da Justiça do Trabalho. Estamos diante da valorização do trabalho da Mulher.
Toda e qualquer homenagem que prestássemos à Ministra Rosa Weber estaria repleta de lacunas, mas palavras sobre este momento já foram ditas, aliás, bem ditas, por que então reinventá-las? Com sinônimos talvez? Ou quem sabe com uma forma diferente de contar a história? Mas as palavras foram escritas por nosso Poeta Ministro do TST, Alberto Bresciani, egresso de nossa casa (TRT 10), de forma tão linda e tocante que com a devida autorização as transcrevemos rendendo nossas homenagens à Ministra Rosa Weber:
“A Presidenta Dilma Rousseff vem de indicar a Ministra Rosa Maria Weber, nossa amiga e colega, para o Supremo Tribunal Federal. O gesto de Sua Excelência chega ungido com toda legitimidade e coerência!
A Constituição da República dá realce e proteção à dignidade da pessoa humana e aos valores do trabalho como pilares fundamentais da República. A mesma Carta delega ao Supremo Tribunal Federal a salvaguarda de todo o arcabouço constitucional, que não pode ser compreendido sem especial foco para essas nuances, de fundo social, que lhe dão alicerces.
A Ministra Rosa Maria Weber devotou sua vida profissional à magistratura do trabalho, exercendo-a com olhos fixos nos mais pronunciados valores inscritos no Direito do Trabalho, esse ramo do Direito que não encontra justificativa senão na proteção dos mais necessitados, no cuidado para com os desvalidos. Esse mesmo ramo do Direito que, sem dificuldades, encontra seus caminhos na Constituição vigente e que merece, na Suprema Corte, a visão sensível, delicada, mas firme e consistente de sua nova integrante.
Rosa Maria Weber nunca negou suas convicções. Não precisou construí-las ou as recebeu como fruto de vicissitudes. Não. Nossa Ministra é descendente de antiga família gaúcha, recompensada pelo Império na pessoa do Barão Demétrio de Upacaraí (Demétrio como seu talentoso filho). Recebeu educação esmerada, que se revela em sua ampla cultura e amor pelas artes. A origem, longe de a condenar, revela o seu desapego e a genuína crença nos valores que defende.
Esperamos o século XXI para que o Tribunal Superior do Trabalho recebesse uma primeira magistrada de carreira. Brinda-nos o século com uma primeira magistrada de carreira na mais alta Corte. Uma magistrada de carreira trabalhista, senhora do necessário e notável saber jurídico, distinta pela honestidade sem máculas, defensora de discrição e do mais extremo recato para com as coisas públicas!
Sou testemunha de que Sua Excelência jamais pretendeu o destaque que a Providência lhe outorga. Não planejou, não calculou, não postulou. Curvou-se à pressão de seus amigos e admiradores, submetendo seu nome a um processo que, na essência, ser-lhe-ia de todo avesso. Não buscou o cargo: foi por ele convidada – comemoraria o Padre Antônio Vieira.
Porque não lembrar, nesta hora, a pena talentosa de Sophia de Mello Breyner Andresen, moldada como luva ao momento de Sua Excelência:
“Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.”
Por tudo isso, o destino guia a Ministra Rosa!
Porque deu as mãos à virtude, é premiada! Enche-nos de orgulho! Imagino o orgulho que festeja os olhos de Dona Zilah, sua adorável mãe, os olhos de Demétrio e Mariana, filhos muito lembrados, a alegria de toda a sua família!
A Ministra Rosa já inspira saudades. Como não lamentar essa ausência? Mas sendo fiel, ela não fará falta! Aprendi com Drummond e celebrarei essa vitória que é um pouco de todos nós. Por essa ausência, assim como o poeta, não sofrerei a falta, mas inventarei “exclamações alegres, porque a ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim”.
Sucesso, Ministra Rosa!”
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