NOTA PÚBLICA:
A Associação Nacional dos Magistrados
da Justiça do Trabalho (ANAMATRA) e o Colégio de Presidentes e Corregedores da
Justiça do Trabalho do Brasil (COLEPRECOR), entidades representativas de mais
de 4 mil Juízes do Trabalho e dos vinte e quatro Tribunais Regionais do
Trabalho de todo o País, respectivamente, vêm a público manifestar seu veemente
repúdio às recentes declarações da Ministra aposentada Eliana Calmon,
no que tange à composição da Justiça do Trabalho e à isenção de seus
magistrados. E assim repudiam, nos seguintes termos.
1. É mentirosa a afirmação de que a
Justiça do Trabalho estaria “aparelhada” por determinado partido político
de expressão nacional. As indicações do Tribunal Superior do Trabalho dão-se
por prerrogativa do Presidente da República e dependem de aprovação pelo Senado
da República, como determina o art. 111-A da Constituição - exatamente como se
deu, aliás, com a própria Min. Eliana Calmon, que amealhou, à altura, os apoios
políticos que quis e lhe aprouveram, alguns muito criticados, sem merecer, da
Justiça do Trabalho, qualquer reparo público, pelo respeito que o Superior
Tribunal de Justiça merece e sempre merecerá da Magistratura do Trabalho.
2. Os cargos da Magistratura do
Trabalho no primeiro grau de jurisdição, por sua vez, são providos por
concursos públicos de provas e títulos, sem qualquer possibilidade de
“aparelhamento”. E são esses os magistrados que mais tarde integram os
Tribunais Regionais do Trabalho, por antiguidade ou merecimento, ao lado dos
desembargadores oriundos do chamado quinto constitucional (esses provenientes
da Advocacia e do Ministério Público do Trabalho).
3. As declarações da Sra. Eliana
Calmon, emitidas de forma irrefletida e desrespeitosa, causam perplexidade, ora
pela total desconexão com a realidade - a Alemanha e a Inglaterra, p. ex.,
possuem Justiça do Trabalho como ramo judiciário autônomo (e supostamente são
países “civilizados”) - , ora pelos seus próprios termos, representando
agressão gratuita e leviana à dignidade das instituições judiciais trabalhistas
e à seriedade e profissionalismo de todos os juízes do Trabalho brasileiros,
independentemente das suas respectivas visões do mundo e do Direito. A
diversidade de pensamento no âmbito de um ramo judiciário não pode placitar
críticas irresponsáveis e preconceituosas, como as de hoje, sob pena de agredir
a própria independência técnica dos magistrados.
4. A ANAMATRA e o COLEPRECOR
servem-se desta nota pública para se solidarizar com os ministros do Supremo
Tribunal Federal - igualmente agredidos ao final da entrevista - e com toda a
Magistratura do Trabalho. Servem-se dela, ademais, para desagravá-los,
augurando o respeito recíproco e republicano entre os diversos ramos e
instâncias do Poder Judiciário.
Brasília, 16 de julho de 2018.
GUILHERME GUIMARÃES FELICIANO
Presidente da Associação Nacional dos
Magistrados da Justiça do Trabalho (ANAMATRA)
WILSON FERNANDES
Presidente do Colégio de Presidentes e Corregedores da Justiça do Trabalho do Brasil (COLEPRECOR)
Presidente do Colégio de Presidentes e Corregedores da Justiça do Trabalho do Brasil (COLEPRECOR)
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