CHECK LIST
primeiro dia de itinerante; a ansiedade era geral; eu confesso que de
tantas recomendações, deixei a equipe tensa; “não se esqueçam de nada”; “sim, doutor,
já conferimos o material e está tudo no carro”; computador, impressora,
processos, papel, caneta, pauta, uma CLT, uma Constituição, um CPC, a toga, a
urna da ouvidoria, cartão corporativo para abastecimento do veículo oficial e
uma faixa com os dizeres Justiça do
Trabalho Itinerante; a cada viagem acrescentaríamos um item em nosso check list; sempre descobriríamos uma
nova necessidade; tudo parecia caminhar tranquilamente; um ou outro detalhe não
previsto, mas nada que nos tirasse da rotina planejada; lá pelas tantas, ao
final de uma audiência, a testemunha é chamada para assinar o depoimento e o
advogado informa que ela é analfabeta; pediu uma almofada de carimbo para
lançar a digital da testemunha na ata; olhei pro secretário de audiências e
perguntei pelo objeto solicitado; “não trouxemos doutor”; “então pede uma
almofada emprestada ao cartório do foro”; passava do meio-dia; eles fecham tudo
pro almoço; descobrimos que estávamos sozinhos dentro do prédio; as demais
salas, todas fechadas; a testemunha e o advogado aguardavam uma solução;
dirigi-me ao advogado; “não precisa lançar a digital da testemunha doutor,
afinal tenho fé pública”; fizemos uma pequena anotação no corpo da ata e tudo
resolvido; quando todos saíram da sala, olhei pro diretor de secretaria;
“incluam esta bendita almofada no nosso check
list”;
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