Audiência sobre PL da Terceirização expõe divergências quanto a sua regulamentação
seg, 23/09/2013 - 15:59 - Atualizado em 24/09/2013 - 08:25
Jornal GGN - A comissão geral realizada na última semana sobre PL (Projeto de Lei) 4.330/2004, que regulamenta o trabalho terceirizado, trouxe à tona as divergências sobre o teor da matéria dentro da Câmara dos Deputados. O projeto, que já tramita há nove anos, está longe de chegar a um consenso entre os parlamentares, sindicalistas e governo. Os contrários ao projeto acreditam que a proposta trará mais precarização do trabalho terceirizado, e os favoráveis defendem, caso aprovado, que trará proteção aos terceirizados.
Noemia acrescenta que “a súmula não visa regulamentar esse tipo de trabalho, apenas tenta minorar os efeitos nefastos pelas contratadas que, muitas vezes, abandonam o trabalhador. Para o TST, a tomadora é responsável patronal dos trabalhadores terceirizados, logo, responsável por atender a todos os direitos; essa é a função da súmula”, explica.
A juíza afirmou que o projeto atual conta com a rejeição de toda a magistratura da Justiça do Trabalho. “O PL 4.330 não torna o direito do trabalhador terceirizado respeitado”, derrubando a tese defendida pelos favoráveis à regulamentação. “O projeto de lei como está significa, na prática, a mercantilização do trabalho”, criticou. “Equivocadamente o PL visa apenas a precarização, seja pela terceirização do serviço efetivo, seja pela fragmentação da organização sindical, seja pela ausência de isonomia entre efetivos e terceirizados”, contesta a magistrada.
Inconstitucionalidade x regulação
Contrário à proposta, o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) considera o PL 4.330/2004 inconstitucional por ferir a representatividade dos sindicatos. “Ao se fragmentar o patrimônio da organização sindical, uma dura conquista será jogada na lata de lixo. Nós do PT não vamos entregar o patrimônio de luta dos trabalhadores aos empresários. Não ao PL 4330”, ressaltou.
Já o deputado Glauber Braga (PSB-RJ) diz que o projeto parte de “premissas falsas”, que não se pode mais segurar a terceirização no Brasil e que o PL é sinônimo de especialização do trabalho. “Nós precisamos regular, acompanhar, ter um Estado forte, trabalhadores organizados”, defendeu.
Para o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves, o Congresso Nacional precisa regulamentar urgentemente a terceirização, lembrando que esta seria a última vez que a matéria seria debatida antes da votação pelo Plenário, “que deverá ocorrer em breve”. Segundo Alves, o processo de terceirização é irreversível no Brasil e no mundo. “A regulamentação não pode atender a nenhuma posição radical, seja dos empregadores ou dos trabalhadores”, afirmou. Alves disse ainda que “a regulamentação deve respeitar os valores sociais do trabalho e a livre iniciativa”.
Para os deputados Sandro Mabel (PMDB-GO), autor do PL 4.330/2004 e para o relator da matéria, Arthur Maia (PMDB-BA), a proposta protegerá 15 milhões de trabalhadores terceirizados no Brasil. Para os defensores do projeto, a falta de regulamentação da matéria leva à precarização do trabalho terceirizado.
Entidades sindicais
Representantes de sindicatos de trabalhadores terceirizados defendem a regulamentação. “Caso uma proposta nesse sentido não seja aprovada, vamos continuar sem nenhuma segurança ou garantia para os terceirizados”, disse o presidente do Sineepres (Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros do Estado de São Paulo), Genival Beserra Leite.
Já os representantes das principais centrais sindicais brasileiras repreenderam a proposta, afirmando que ela trará ainda mais precarização ao trabalho. “A principal característica das empresas terceirizadas é pagar aos terceirizados 60% do salário dos outros funcionários e menos benefícios”, afirmou o secretário-geral CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Wagner Gomes. Já o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, pediu a retirada de pauta do projeto, para que as negociações prossigam.
Veja o vídeo produzido pela TV Câmara
http://www.youtube.com/watch?v=70_0vs7TCg4&feature=youtu.be
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