Para o tempo em que a magistratura vive um verdadeiro calvário em razão do desrespeito que vem sofrendo, um texto publicado na lista da Amatra 10, renova as esperanças e nos faz acreditar no que é belo...
HOJE O DIA ME ACORDOU
Hoje o dia me acordou oferecendo água. Aos montes, caindo do céu, teria água para matar toda a sede, nadar até quando minhas braçadas alcançassem, semear vida. Assim, diante de tamanha delicadeza, permiti-me encher um mar. Meu mar. E lembrei imediatamente do encanto vivido quando no meu colo seu rosto sentia conforto pela primeira vez. Minhas mãos abraçavam teus cabelos. Não caia uma gota d’água sequer, mas em um piscar de olhos surgia também um mar diante de nós. Mar que nem meus melhores sonhos poderiam esboçar. Projetei-me em carne e osso ao local onde tudo começou. Revi nosso mar. Molhei os pés. Na verdade, queria lavar a alma naquela água que já envolveu sentimentos preciosos e precisos ao mesmo tempo. Reconheci alguns, ainda misturados à água. Você definiu bem: éramos dois estranhos. E eu completei “mas como se fossemos velhos conhecidos”. Sem culpa, sem freios. Sem medo. Desejei que o mar pudesse trazer de volta aquele momento mágico, como as ondas devolvem a praia o que se perdeu depois de uma ressaca. Na linha dos olhos uma jangada. Imaginei nela o futuro. À deriva, à espera de um sopro de vento para nortear o caminho. Uma brisa me bastaria. Invejei a persistência das ondas que nunca desistem de chegar à margem. Incansáveis. Antes de voltar, recolhi um pouquinho de esperança travestida em água de um mar que se foi. Nosso mar. Amanhã o dia me espera. Também espero por ele. Sou um eterno nadador...”
Rivadávio Amorim.de
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