quinta-feira, 8 de novembro de 2012

ATO PÚBLICO DA AMATRA 10




Neste novembro de 2012, nós, Magistrados do Trabalho da 10ª Região sabemos as razões pelas quais estamos paralisando nossas atividades por dois dias e engajados no movimento SEM CONCILIAÇÃO.

         Em primeiro lugar, temos o descumprimento reiterado da Constituição da República que garante, como realmente deveria garantir, o reajustamento anual adequado dos subsídios da Magistratura e dos membros do Ministério Público. Simultaneamente, a violação e a violência à independência do Poder Judiciário, com a inédita atitude do Executivo de promover “cortes prévios” no orçamento enviado por aquele Poder. Além disso, sobressai o comportamento de desrespeito continuado aos predicamentos da magistratura.

         Em suma, a Mobilização da Magistratura expressa uma pauta comum: RESPEITO. Respeito que não é algo em si, mas estreitamente vinculado à defesa do Estado Democrático de Direito.

         O que assistimos no decorrer desses dias é o resultado da UNIÃO união história da Magistratura da União e dos membros do Ministério Público da União para tornar visível uma pauta que tende à invisibilidade, ao descrédito e à irrelvância.

         Deveria nos ocorrer perguntar a quem interessa que a Magistratura sofra, paulatina e intensamente, os efeitos de um processo progressivo de desvalorização, lembrando que os juízes são aqueles que estão destinados a julgar e decidir as causas e os processos dos cidadãos brasileiros que demandam por direitos? Certamente, não interessa a tais cidadãos.

         A história do Estado e do Poder que exerce comporta passagens que revelam  que todas as vezes em que se pretendeu atingir a República, no sentido mais amplo do termo, sem atingi-la oficialmente, o Judiciário foi alvo para que não pudesse ter a força e a independência suficientes à defesa dos direitos de cidadania. Muito ruim quando isso ocorre em regimes oficiais autocentrados. Pior ainda quando o processo é velado em regimes supostamente democráticos.

         Afinal, que democracia é essa em que os Magistrados, de quem se espera, cada vez mais, atuações imparciais, justas, adequadas, transparentes, passem a se perguntar todos os dias, no seu íntimo, sobre se escolheram adequadamente a carreira que abraçam boa parte das horas do seu dia, das suas noites e das suas vidas? Não porque não acreditem na causa da Justiça, mas porque, como pessoas que são, cansam de reiteradamente serem tratados com desrespeito. Desrespeito pelo Executivo, que chega ao ponto de proibir que sua base de sustentação no Congresso dê ouvidos às suas revidicações; pelo Legislativo, que não age como deveria deliberando, a tempo e modo, sobre os inúmeros PL's que lá constam para tornar o preceito constitucional uma realidade; mas também desrespeito pelo próprio Poder Judiciário que, na cúpula, não assume a vanguarda, a responsabilidade e a liderança por um processo de fazer valer preceitos juridicamente válidos.

         A Magistratura proba e laboriosa é que verdadeiramente sente os reflexos da agressão ao preceito constitucional que alberga suas prerrogativas, dentre elas o da irredutibilidade dos subsídios.

         Assim, pararemos agora, pararemos depois, intensificaremos o movimento, vamos permanecer organizados na certeza de que, em algum momento, não será mais viável que se mantenha invisível uma pauta justa para os Juízes do Brasil.

Noemia

 

           

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