domingo, 25 de março de 2018

DUAS MULHERES A FRENTE DA ADMINISTRAÇÃO DO TRT 10


As desembargadoras Maria Regina Machado Guimarães e Márcia Mazoni Cúrcio Ribeiro, assumiram, respectivamente, os cargos de presidente e vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT10) na tarde de sexta-feira (23). A solenidade foi marcada de emoção e discursos enaltecendo o momento histórico vivido pela Corte, que, pela primeira vez, tem duas mulheres à frente da administração.

Abaixo o discurso da presidente da AMATRA 10, saudando as novas administradoras do TRT 10:

1. Excelentíssima Senhora Desembargadora MARIA REGINA MACHADO GUIMARÃES digna Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região, demais autoridades já nominadas pelo cerimonial, senhoras e senhores.

2. Peço a autorização de todos, que honram a 10ª Região com suas presenças, para cumprimentar os membros do Poder Judiciário, do Poder Legislativo, do Poder Executivo, do Ministério Público, advogados, servidores, empregados e empregadores, na pessoa do DD. Presidente do Colendo Tribunal Superior do Trabalho, Ministro JOÃO BATISTA BRITO PEREIRA.

Um parêntese inicial.

MULHER, NEGRA, FAVELADA E IMPORTANTE ATIVISTA PELA EFETIVIDADE DOS DIREITOS SOCIAIS.

MARIELLE FRANCO reunia todos os predicados para sofrer com o preconceito, a discriminação e o discurso de ódio. Na verdade, foi vítima da concretude do próprio ódio. E ainda é, mesmo depois de morta.

           A tradição permitiria, mas não peço o protocolar “um minuto de silêncio” para homenagear a memória, a história e a representação da vereadora carioca covardemente executada na noite do último dia 14.

Peço, ao contrário, um grito indignado e proativo; um grito revoltado a exigir ações, efetivas ações direcionadas não apenas à elucidação do bárbaro crime, mas também para o ataque à verdadeira origem da “insegurança pública”: o “apartheid social”!

Um grito a sair das gargantas de todos os brasileiros; um grito sintetizado com perfeição por Caetano Veloso:

“Marielle, presente...!”

3. No mês de comemoração e homenagem às mulheres – e após a conclamação inicial, é muito emblemática a composição atual da cúpula da 10ª Região, bem como da coordenação dos pontos estratégicos desta Corte. 

4. Ainda persiste no cenário do Século 21 a discriminação de gênero, embora tenha diminuído, no serviço público. Digo no serviço público, senhoras e senhores, porque o ingresso na carreira exige aprovação em concurso público, concurso público que não tem classe social, não tem raça e não tem gênero. Vejamos o exemplo da nossa casa trabalhista. No primeiro grau, cujo ingresso se dá por concurso público, das 86 vagas da 10ª Região, 46 são preenchidas por mulheres – 53,48%. A partir do segundo grau, onde se inicia a nomeação pelo executivo (registro: verdadeiro absurdo) de 17 desembargadores, 6 são mulheres, portanto, 35%. No TST, de 27 ministros, apenas e tão-somente, 6 mulheres são ministras- 22%.

5. Poderíamos dizer, que hoje, a 10ª Região se transforma na casa das “sete mulheres”?

6. Não. A 10ª Região, é verdadeiramente, a casa de todas as mulheres. Temos as Desembargadoras Maria Regina e Márcia Mazoni, como Presidente e Vice-presidente do nosso Regional; como Coordenadoras do CJUSC: Juízas Roberta e Patrícia Germano, como coordenadoras do CDJUC juízas Ana Beatriz e Naiana. No cenário associativo temos a Juíza Noêmia Porto como Vice-presidente da Anamatra e eu Como Presidente da Amatra 10;  além disso a AMATRA 10, de seus 8 diretores, 6 são mulheres.

7. Que me desculpem os que entendem que a discriminação não existe, mas mesmo com o concurso público as dificuldades das mulheres ainda são imensas, uma vez que cumprem triplas jornadas. No histórico do nosso Regional houve quatro recusas de promoção ao cargo de juiz titular, todas as recusas foram de juízas, o que demonstra que as dificuldades existentes são uma realidade. É preciso buscar soluções isonômicas para que as mulheres preencham democraticamente seus espaços, até mesmo como seres humanos.

8.Terminado este registro me dirijo ao Excelentíssimo Desembargador PEDRO LUIS VICENTIN F0LTRAN para consignar nossos agradecimentos e reconhecer o esforço e o sucesso da administração que hora se finda. Há dois anos, ao fazer o pronunciamento da Amatra 10, dizia que V.Exa. assumia a presidência em um cenário delicadíssimo, em razão do corte orçamentário gigantesco e discriminatório sofrido pela Justiça do Trabalho. Naquele momento a ideia e a esperança eram a de “Sobrevivência”, mas V.Exa., mesmo diante de tantas provações pessoais e administrativas conseguiu muito mais do que a sobrevivência, V.Exa. conseguiu fazer com que nosso TRT crescesse.

9.Destaco em sua administração, a título de exemplo, a condução tranquila, serena e eficaz do diálogo entre primeiro e segundo graus de jurisdição para implementação da Resolução 219 do CNJ, em sua primeira etapa. Dentre outras realizações inaugurou as sedes de Dianópolis, Gama e possibilitou a realização do sonho de Taguatinga de ter seu próprio foro, cuja inauguração será breve, considerando o dinamismo e a praticidade da nossa Presidente.

10. Mais importante do que a construção de prédios e gerenciamento de orçamentos, V.Exa, construiu pontes sólidas e importantes para o resgate da dignidade dos nossos servidores e magistrados, nos deu tranquilidade e paz para continuar nosso mister ao implementar a gestão compartilhada e valorizar o ser humano.

11. Desembargador Pedro Foltran, a família 10 agradece.

12. As Magistradas Maria Regina e Márcia Mazoni assumem a gestão direta do Décimo Regional também em difícil cenário, ou melhor, em delicadíssimos cenários. Excetuando-se os pouquíssimos e quase inexistes benefícios, a lei 13.467/2017, conseguiu eliminar conquistas, retroceder direitos e garantias sociais fundamentais para a dignidade da pessoa humana. Partiram para a próxima etapa: A fragilização da Justiça do Trabalho. As vozes dos incomodados pela importância e eficácia da Justiça do Trabalho se levantam na intenção de extinguir este importante ramo do Judiciário, que garante aos cidadãos brasileiros os seus direitos sociais.  É papel da magistratura trabalhista, ancorada e escudada pelos TRTs e, principalmente, pelo TST, ministro Brito Pereira, resistir a esses ataques e partir em defesa do mundo do trabalho. 

13. DESEMBARGADORA MARIA REGINA

14.DESEMBARGADORA MÁRCIA MAZONI:

15. Vossas Excelências têm todos os predicados para assumirem a administração do TRT 10 em momento tão delicado.

16. Temos a certeza de que continuaremos a ser vistos como seres humanos pela Administração que se inicia.

17. Contem, também, com a colaboração leal e transparente da nossa Associação, da nossa AMATRA 10.

18.Divergências por certo existirão porque essenciais para um diálogo democrático que visa avanços republicanos, com respeito às competências e autonomias institucionais e sem espaço para “pessoalizações”.

19. DESEMBARGADORA MARIA REGINA, DESEMBARGADORA MÁRCIA MAZONI,

20. A confiança na gestão compartilhada e humanística de Vossas Excelências é tamanha que, na qualidade de representante de todos os magistrados trabalhistas do Tocantins e do Distrito Federal, ofereço-lhes agora, como homenagem (para os demais, reflexão) a mensagem de um grande humanista:

21. “Os dotes de delicadeza, sensibilidade e ternura peculiares, que enriquecem o espírito feminino, representam não apenas uma força genuína para a vida das famílias, para a propagação de um clima de serenidade e de harmonia, mas uma realidade sem a qual a vocação humana seria irrealizável. E isto é importante! Sem estas atitudes, sem estes dotes da mulher, a vocação humana não consegue realizar-se!”. (Papa Francisco).

22. A delicadeza, sensibilidade e ternura femininas irradiadas das personalidades de Vossas Excelências, Desembargadoras Maria Regina e Márcia Mazoni, serão vitais para que o Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região avance na sua vocação de bem aplicar, com efetividade, os direitos sociais previstos em nossa Carta Magna.

Muito obrigada.

Brasília, 23 de março de 2018

Rosarita Machado de Barros Caron
      Presidente da AMATRA 10



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