“Sempre que chega próximo ao Dia Internacional da Mulher,
procuro fugir do discurso de vitimização que a data invoca. Não que estejamos
com a vida ganha, mas creio que as mulheres já mostraram a que vieram e as
dificuldades pelas quais passamos não são privilégios nosso: injustiça e violência
são para todos.
Prefiro aproveitar a data, esse ano, para fazer um brinde à
nossa importância não para sociedade e nem para a família, mas umas para as
outras.
Assistindo ao delicado filme Caramelo, tive a sensação boa de
confirmar que o tempo passa, os filhos crescem, os corações se partem, mas as
amigas ficam. Como todos os filmes que abordam amizade e a solidão intrínseca
de toda mulher, Caramelo nos consola valorizando o que temos de melhor: a nossa
paixão, a nossa bravura e o bom humor permanente, mesmo diante de tristezas
profundas.
Precisamos de mulheres à nossa volta. Amigas, filhas, avós,
netas, irmãs, cunhadas, tias, primas. Somos mais chatas do que os homens,
porém, entre uma chatice e outra, somos extremamente solidárias e companheiras
de farras e roubadas. Competitivas?!!! Talvez, mas isso não corrompe em nada a
nossa predisposição para o afeto, o nosso abraço na hora da dor.
Aprendemos a compartilhar nossas virtudes e pecados e temos uma
capacidade infinita para o perdão. Somos meigas e enérgicas ao mesmo tempo, o
que perturba e fascina os que nos rodeiam.
Brigamos muito, é verdade: temos unhas compridas não por acaso.
Em compensação, nascemos com o dom de detecção do sagrado nas
pequenas coisas, e é por isso que uma amizade iniciada na escola pode completar
bodas de ouro e uma empatia inesperada pode estimular confidências nunca
feitas. Amamos os homens, mas casadas, mesmo, somos umas com as outras.
Martha Medeiros.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário