Em
razão da forma desrespeitosa como membros de outros Poderes vêm tratando os
membros do Poder Judiciário, a Ministra Carmem Lúcia, na terça-feira, dia
25/10/2016, ao abrir a sessão do CNJ, se pronunciou a respeito e, sem citar
nomes, disse que todos devem se tratar com respeito. Ressaltou que o “Poder
Judiciário forte é uma garantia para o cidadão”.
Num momento em que a magistratura está sendo
desvalorizada e alvo de críticas, muitas vezes injustas, a fala da autoridade
máxima do Poder Judiciário em sua defesa, exigindo respeito, é de suma
importância para que a desmotivação pela carreira, pelo menos, não cresça.
Torcemos
para que a lição da Ministra Carmem Lúcia, Presidente do STF e CNJ, sobre
respeito à magistratura em todos os graus de jurisdição, também seja aprendida
dentro da própria casa.
Abaixo
a transcrição da fala completa da ministra na abertura da sessão do CNJ:
“Declaro
aberta esta sessão do Conselho Nacional de Justiça, órgão do Poder Judiciário
brasileiro, constitucionalmente instituído para o fim específico de não apenas
nos zelarmos e zelar pelas melhores práticas do Poder Judiciário, como para
garantir a força, a independência, a autonomia do Poder Judiciário. Respeito
que nós devemos e guardamos com os poderes e evidentemente exigimos igualmente
de todos os poderes em relação a nós.
O juiz
brasileiro é um juiz que tem trabalhado pela República, como trabalhou pelo
império. Somos humanos, temos erros. Por isso existe esse Conselho Nacional de
Justiça, para fortalecer um poder Judiciário coerente com os princípios
constitucionais, com as demandas e aspirações do povo brasileiro.
Mas por
isso mesmo nós nos portamos com dignidade em relação à Constituição, uma vez
que nós juramos à Constituição, todos nós juízes brasileiros. E nessa
Constituição, em seu artigo 2º, se tem que são poderes da República
independentes e harmônicos, o Legislativo, O Executivo e o Judiciário. Numa
democracia, o juiz é essencial como são essenciais os membros de todos os
outros poderes, repito que nós respeitamos.
Mas
queremos também, queremos não, exigimos o mesmo e igual respeito para que a
gente tenha democracia fundada nos princípios constitucionais, nos valores que
nortearam não apenas a formulação, mas a prática dessa Constituição.
Todas
as vezes que um juiz é agredido, eu e cada um de nós juízes é agredido. E não
há a menor necessidade de numa convivência democrática livre e harmônica, haver
qualquer tipo de questionamento que não seja nos estreitos limites da
constitucionalidade e da legalidade.
O Poder
Judiciário forte é uma garantia para o cidadão. Todos os erros, jurisdicionais
ou administrativos que eventualmente venham a ser praticados por nós juízes,
humanos que somos, portanto, sujeitos a erros, no caso jurisdicional, o Brasil
é pródigo em leis que garantem que qualquer pessoa possa questionar e questione
pelos meios recursais próprios os atos. O que não é admissível aqui, fora dos
autos, qualquer juiz seja diminuído ou desmoralizado, porque como eu disse,
onde um juiz for destratado, eu também sou. Qualquer um de nós juízes é.
Esse
Conselho Nacional de Justiça, como todos os órgãos do Poder Judiciário, está
cumprindo a sua função da melhor maneira e sabendo que nossos atos são
questionáveis. Os meus, no Supremo, o juiz do Tribunal Regional do trabalho, um
juiz de primeira instância. Somos todos igualmente juízes brasileiros querendo
cumprir nossas funções.
Espero
que isso seja de compreensão geral, de respeito integral. O mesmo respeito que
nós Poder Judiciário dedicamos a todos os órgãos da República, afinal somos sim
independentes e estamos buscando a harmonia em benefício do cidadão brasileiro.
Espero que isso não seja esquecido por ninguém, porque nós juízes não temos nos
esquecido disso”.
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