Foto: Rosarita Caron |
É necessário que a população saiba que nem sempre o processo é resolvido com a prolação da sentença.
Na Justiça do Trabalho muitas demandas são resolvidas com a conciliação. Muitos transtornos para a sociedade são evitados em audiências que duram seis, sete ou até mesmo 12 horas ou mais. Muitas negociações são presididas por Juízes de primeiro grau, Desembargadores e até Ministros do TST.
O Artigo do Ministro Emmanoel Pereira, atual vice-presidente do TST, demonstra esses casos que não chegam ao conhecimento dos cidadãos brasileiros.
Rosarita Caron
Justiça invisível
Num país
em que a precariedade dos serviços de saúde pública é obstáculo para a
prestação de um atendimento digno à população, as negociações conduzidas no
Tribunal Superior do Trabalho (TST) conseguiram cessar uma greve, em 18
Estados, de empregados dos hospitais universitários.
A
Olimpíada de 2016, sob o risco da greve dos trabalhadores do setor elétrico,
foi beneficiada com o afastamento de tal ameaça após negociações envolvendo
todas as partes.
Esses
casos recentes são emblemáticos da importância da Justiça do Trabalho na sua
função de conciliadora e pacificadora social, papel pouco percebido pela
população.
Tal
função tem sido exercida com sucesso em conflitos coletivos de outras
categorias nacionais que envolvem empresas de importância vital no cotidiano da
população, a exemplo dos Correios, da Companhia Brasileira de Trens Urbanos
(CBTU) -responsável por transportar milhares de pessoas todos os dias- e das
companhias aéreas.
Podemos
citar, ainda, a Casa da Moeda do Brasil, cuja ameaça de greve poderia
comprometer a confecção dos passaportes e das medalhas dos Jogos Olímpicos.
Mais recentemente, foi celebrado acordo entre a Embrapa e seus servidores,
garantindo a continuidade dos serviços.
Mais que
julgar processos e garantir os direitos dos trabalhadores, a Justiça do
Trabalho atua na pacificação das relações de trabalho, dirimindo conflitos e
garantindo um ambiente propício não só para o trabalhador, mas para a população
e para o setor produtivo.
Considerando
apenas o ano de 2016, as negociações coletivas mediadas pelo TST envolveram
mais de 200 mil empregados, evidência de que a conciliação tem se mostrado
eficiente instrumento para aliviar a escalada desmedida de processos no
Judiciário.
Segundo o
relatório "Justiça em Números" de 2016, elaborado pelo Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), 25,3% das sentenças e decisões na Justiça do
Trabalho resultaram em acordo, índice que corresponde a mais do dobro
apresentado pela Justiça Estadual.
A
política de conciliação, já arraigada na cultura da Justiça do Trabalho, pode
igualmente explicar o sucesso da última Semana Nacional da Conciliação
Trabalhista, organizada pela vice-presidência do TST e pelo Conselho Superior
da Justiça do Trabalho (CJST).
Em apenas
cinco dias, mais de 160 mil pessoas foram atendidas em 1.061 audiências que
culminaram com a solução de 27.475 processos e R$ 627 milhões em acordos
celebrados.
Vivemos
uma era em que a Justiça do Trabalho tem obstinadamente empenhado esforços para
ultrapassar o fosso existente entre o Judiciário, o cidadão trabalhador e o
cidadão empregador. Há muito o trabalho deixou de significar submissão de
homens a outros homens.
O efetivo
cumprimento dessa honrosa função, que busca resgatar os valores sociais do
trabalho e da livre iniciativa numa sociedade discriminatória e extremamente
desigual, implica a afirmação da importância da Justiça do Trabalho.
De forma
silenciosa e resoluta, tem contribuído para a aplicação dos direitos sociais e
a valorização da cidadania e da paz social.
EMMANOEL PEREIRA é vice-presidente
do Tribunal Superior do Trabalho e gestor da Política Nacional de Conciliação
Trabalhista.
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