Ainda
existe legitimidade no parlamento?
Ontem,
acompanhando a votação da Reforma Trabalhista, fui testemunha do pouco caso que
os parlamentares fazem com o povo brasileiro.
Havia
441 deputados presentes, registrados no painel. Enquanto o relator da Reforma
Trabalhista, Deputado ROGÉRIO MARINHO,
lia o relatório da reforma trabalhista,
o plenário já estava vazio, os poucos que ali estavam sequer prestavam atenção
no texto. Muitos fazendo piadinhas e soltando gargalhadas. Já estavam convencidos.
Os
muitos que não estavam no momento da leitura do relatório, retornaram somente
na hora da votação. Resultado: 296 a 177. Aprovada a Reforma Trabalhista.
Olhava
para aquele cenário e a indignação gritava dentro do meu peito. Décadas de
conquistas sendo destruídas pelos votos daqueles que se dizem representantes do
povo.
Mergulhada
em meus pensamentos, enquanto assistia o menosprezo dos parlamentares pelo povo,
várias vezes me perguntava: tantos parlamentares decidindo o
destino de trabalhadores honestos... e quantos deles são alvos de investigação
da justiça, por corrupção? Onde está a legitimidade para decidirem a vida de um
povo sofrido e vítima de tanta corrupção?
No
Congresso, “a casa que deveria ser do povo”, o Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, agia com estupidez, desrespeitava
entidades nacionais, representantes dos Advogados, do Ministério Público, dos Magistrados
e proibia que os “donos da casa” acompanhassem as votações.
Fomos
expulsos do plenário.
Debates
sobre a reforma? Só para fazer de conta.
Democracia?
Sem discussão com a sociedade? Não existe.
A
maioria da Magistratura Trabalhista e do Ministério Público do Trabalho é
contra a Reforma Trabalhista.
Juízes
e Procuradores do Trabalho se preocupam com o cumprimento da legislação e não
visam o interesse econômico.
Me espanta quando fundamentam a necessidade de reforma trabalhista, comparando a nossa realidade com a de outros países, porque esquecem de dizer que
nesses outros países existe o cumprimento das leis e das sentenças judiciais.
Os cidadãos pagam o que devem, ao contrário do Brasil, onde a Administração
Pública (deveria dar o exemplo) e, no entanto, é a maior demandada na Justiça por descumprimento
da lei.
Conclamo
a sociedade à seguinte reflexão: A quem interessa a Reforma Trabalhista? Ao
trabalhador ou ao setor econômico, que quer ter menos obrigações e pagar menores
salários?
Se
não houver reação imediata, os direitos mínimos dos trabalhadores serão
enterrados para sempre.
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